Serra de Maracaju




A Serra de Maracaju é um acidente geográfico de paredões, chapadões, colinas e morros de pedra, que divide de norte a sul o Mato Grosso do Sul em duas partes: no leste, uma extensa região de campos de cerrado banhados pela bacia hidrográfica do Rio Paraná, no oeste o pantanal banhado pela bacia hidrográfica do Rio Paraguai. Muitas aldeias indígenas estão nessa região ancestral, o que denota uma ligação forte entre esses povos e a ancestralidade da Terra.

Nesse território vivem os povos indígenas Terena, Kinikinau, Kadiwéu, Guarani, Ofayé e Guató. Após colonizações, guerras e migrações, a serra também passou a abrigar uma miscelânea de povos e culturas de diversos locais do globo, como Portugueses, Espanhóis, Paraguaios, Bolivianos, Italianos, Árabes, Japoneses, Afro-Brasileiros e muitas outras colônias. Sem falar na influência das regiões brasileiras, onde vieram para Mato Grosso do Sul mineiros, caipiras paulistas, gaúchos, sulistas, nordestinos. A Serra de Maracaju é o coração da América do Sul, o que faz desse local um ambiente onde fervilha uma cultura de fronteiras que juntas dialogam e se transformam.

Mapa com localização geográfica da Serra de Maracaju


A região da Serra de Maracaju é também cortada por vários rios, como o Aquidauana e o Miranda, que constroem grandes vales sagrados, ambientes que são fontes para a força da vida. Além dos rios, existem também diversas quedas d’água, igarapés, córregos, pântanos, riachos, poças, veios e abaixo o famoso Aquífero Guarani. Encontram-se ali o Morro do Chapéu, Morro Água Boa, Morro Grande, Morro do Baú, Morro do Ernesto, Morro dos Baianos e muitos outros lugares altos, dos quais nos dão belos e deslumbrantes experiências visuais. E há uma transição de biomas, pois a serra divide o Cerrado e o Pantanal, fazendo com que tenha uma rica fauna e flora.


Muitos animais de cores, sons e pegadas diferentes dentre aves, mamíferos, répteis, anfíbios e insetos tomam a serra como seu habitat. Entre as aves podemos encontrar com grande expressão a Arara Azul, o Tuiuiú, a Garça-Branca, o Carcará, o Quero-quero, o Bem-te-vi a Coruja Buraqueira, a Ema, a Seriema, dentre tantas. Os animais variam do pequeno ao grande porte, como a Paca, a Capivara, a Onça, a Anta, o Cervo do Pantanal, o Veado Campeiro, o Tamanduá. Daqueles animais que vivem nas águas ou delas se destacam o Jacaré, a Ariranha, o Dourado, o Pacu, o Pirarucu, a Piranha e muitos outros. A flora é mais rica ainda! A explosão de cores dos Ipês, os Angicos de casca branca, os Buritizais, os Jacarandás, as Aroeiras, a doçura da Guavira, os fios coloridos da Caliandra, as Mangabeiras, os Araticum, o cheiro forte e significativo do Pequi.




Ali também estão cavernas e muitos abrigos sobre rocha que guardam a ancestralidade local através de pinturas rupestres de povos caçadores-coletores e agricultores-ceramistas. Os sedimentos e minerais remontam o início dos continentes e da vida no Planeta Terra, o que demonstra paleontológica e geologicamente que esse solo em que pisamos é deveras muito antigo e tem uma energia telúrica muito grande. A Serra de Maracaju representa a feminina Soberania da Terra local, onde vemos o seu corpo deitado e os morros como seios que alimentam a todos.

Essa morraria feita de rochas maciças influencia tanto a cultura de Mato Grosso do Sul que é referida em músicas, poemas, romances e outras expressões artísticas e culturais. Além disso, o Mato Grosso do Sul já reivindicou como nome oficial Estado de Maracaju para denominar o território, quando houve o Movimento Divisionista de 1932. A capital do estado, a "cidade morena" de Campo Grande, está localizada em cima da parte alta da Serra, como se estivesse sobre uma mesa – e por isso é considerada uma das cidades mais planas do Brasil.

A Gorsedd Beirdd o Maracayu (G.B.M. /|\) honra a Terra Mãe Serra de Maracaju através de suas atividades com base druídicas, preservando a sua natureza majestosa e mantendo e valorização as tradições e histórias da cultura popular local. O nosso bardismo é violeiro, é à mato-grossense. 






Serra de Maracaju – Almir Sater

Lembro de um velho índio contando histórias
De glórias e tragédias que não vivi
Quando das estrelas vieram deuses
E seus sinais estão por aí

Depois de um certo tempo eles foram embora
Deixando para trás um povo feliz
Mas os portugueses e os espanhóis
Invadiram a terra dos Guaranis
Então vieram os bandeirantes
E os retirantes lá das Gerais

Por muito tempo não houve paz
Sofreu demais quem te ama
Bela serra de Maracaju

Seus mistérios quero traduzir
Descobrir as lendas e memórias
De cada légua que percorri

Eu cheguei aqui com os meus próprios pés
E hoje tenho minha raiz
Dos antigos lados dos Xaraés

Toco chamamés que eu mesmo fiz
De hoje em diante somos iguais
Quem de nossa terra te chama
Bela Serra de Maracaju

Eu cheguei aqui com os meus próprios pés
E hoje tenho minha raiz
Dos antigos lados dos Xaraés

Toco chamamés que eu mesmo fiz
De hoje em diante somos iguais
Quem de nossa terra te chama
Bela Serra de Maracaju

Seus mistérios quero traduzir
Descobrir as lendas e memórias
De cada légua que percorri
Descobrir as lendas e memórias
De cada légua que percorri

Descobrir as lendas e memórias
De cada légua que percorri

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